tag:blogger.com,1999:blog-63674363652935130532024-03-20T23:48:11.409-07:00AlgafanMais um café gelado, por favor.Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.comBlogger261125tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-2923676104911285452014-03-24T09:49:00.001-07:002014-03-24T09:49:25.378-07:00O domingo amanhecia insolente<br />
enquanto o sol recendia frio<br />
seu corpo de leite<br />
casca que abriga<br />
poço de amor e medo<br />
e eu, deste lado da cama<br />
observo como quem<br />
transborda<br />
de perdas e danos.<br />
Não podiam deixar de nos brindar com<br />
as gotas no telhado<br />
que chega pra secar as lágrimas<br />
que chega pra molhar as incertezas<br />
e nós dois feito correnteza<br />
entrelaçando pernas e braços<br />
como dois rios<br />
que se chocam.<br />
A chuva teve que chegar na hora certa<br />
como nas outras vezes<br />
no momento exato<br />
na hora H.Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-30151042397089533432013-11-17T21:06:00.000-08:002014-03-20T22:19:58.811-07:00fincava-lhe os dedos entre as as costelas<br />
sentindo uma a uma<br />
apertava seus ossos do quadril<br />
fortes, saltados<br />
largos<br />
<br />
na pele branca, pálida, fina<br />
vê-se facilmente suas veias<br />
azuladas<br />
como vê-se supernovas<br />
em correntes marítimas<br />
<br />
sente-se sua essência forte<br />
como se ela fosse na verdade<br />
um estado de espírito<br />
quem a conhece não diz<br />
eu que a compreendo<br />
sinto-a<br />
<br />
a sua nudez sonolenta na cama<br />
o leve peso dos seus movimentos<br />
inclinando-se para trás<br />
quando espreguiça<br />
seu pescoço nu, esticado<br />
e as clavículas, as clavículas...<br />
<br />
mordisca os lábios rubros, ressecados<br />
arranca todas as peles<br />
esses, levemente machucados<br />
marcados<br />
anunciam<br />
seria preciso matemáticas de outra natureza<br />
para medir a largura do seu sorriso<br />
<br />
a impiedade geométrica das<br />
suas curvas<br />
violentas, agressivas<br />
imperfeitas<br />
como a sua respiração<br />
sempre ofegante<br />
rendem as minhas forças<br />
já desconheço-me por inteiro<br />
<br />
não, não me deixa agoniar nos<br />
seus olhares fixos<br />
abrindo abismos que<br />
parecem me engolir segundo a segundo<br />
tirando-me de órbita<br />
<br />
assisto-a<br />
tentando se encontrar olhando no espelho<br />
desembaraçando o cabelo com os dedos<br />
como eterno fiel seguidor do<br />
seu cheiro de doce e maresia<br />
que persiste ainda nas minhas mãos<br />
<br />
os segundos em que se levanta<br />
caminha suavemente<br />
move-se, mexe os dedos<br />
fez-me saber todos as sensações que<br />
poderiam existir nesse espaço-tempo inteiro<br />
flagro-me desnorteado com sua substancia<br />
pairando no ar<br />
em carne viva.Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-2633248127811746172013-10-15T07:12:00.002-07:002013-10-15T07:12:39.918-07:00muitos<br />
batem<br />
se trombam<br />
diminuem<br />
chegam<br />
somem<br />
cegam-se<br />
desesperados por luz<br />
fogem da escuridão<br />
<br />
alcançam o nirvana<br />
da luminosidade<br />
inconscientemente<br />
o barulho<br />
das asas, o coro das trombadas<br />
o bagulho<br />
<br />
caidos, anestesiados<br />
o peso dessa casa nas asas<br />
esperam<br />
acabar o barato<br />
cada clarão<br />
é um dia, após outro dia<br />
<br />
feito besouro<br />
se joga<br />
se entrega<br />
dourado<br />
não vê que a luz<br />
não diminui os males<br />
é que não tem, coitados<br />
ninguém pra lhes contar<br />
como vive a vida<br />
<br />
incandescentes<br />
indescentes<br />
contentes<br />
viciados<br />
queimam a alma<br />
na dor iminente<br />
<br />
encantados<br />
prezados ou<br />
desprezados<br />
feito coração<br />
que hora deixa voar<br />
hora esmaga<br />
<br />
e o que você não imagina<br />
é que esse poema fala de tantas coisas<br />
tão pouco<br />
fala de besouros.Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-41489619270231492832013-08-28T00:07:00.002-07:002013-08-28T00:07:49.753-07:00o calor insuportável<br />
numa noite de verão<br />
a mosqueteira verde na janela<br />
que não impediu a entrada dos<br />
bichinhos de chuva ou calor ou amor<br />
que nos rodeiam quando voltam<br />
das travesseiradas ao ar<br />
e o ventilador de teto<br />
que ao girar faz barulho e não vento<br />
e você<br />
inerte<br />
inclemente<br />
imperturbável<br />
<br />
ou<br />
talvez tudo isso seja apenas um<br />
sutil devaneio<br />
desses que veem nos dias<br />
que são paulo ameaça<br />
esquentar<br />
mas só ameaça<br />
como ameaça seus olhos<br />
fugirem dos meus.Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-52934052537079677282013-08-16T08:55:00.003-07:002013-08-16T08:55:58.022-07:00e agora, josé?<br />
o banco<br />
a praça<br />
as casas<br />
mal asssombradas<br />
o dia<br />
a noite<br />
a passarela<br />
o hotel<br />
a avenida<br />
o puteiro<br />
a rua de cima<br />
E agora, você?<br />
E agora os cachorros<br />
o salgado<br />
a máquina do lado<br />
o ciúmes afogado<br />
o tênis molhado<br />
o guarda-chuva furado<br />
e agora, josé?<br />
e os guardas municipais<br />
e o vinho<br />
e os sete e vinte e cinco<br />
e o fumo<br />
e os livros<br />
me diz, josé o que serão dos caminhos<br />
me diz você, como é que hei de proceder<br />
que modo há de viver<br />
e agora o desespero crônico?<br />
socorro José.Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-36076141966341834082013-08-13T11:12:00.001-07:002013-08-13T11:12:20.796-07:00as falas<br />
as roupas<br />
os carros, faróis, pessoas<br />
a mente<br />
sobrecarrega<br />
sai do trilho<br />
fica suspensa no ar<br />
as vezes nem pensa<br />
só existe, dentro dos olhos<br />
em segundo plano.<br />
amanhece como vulto<br />
rosto e pulso<br />
da vontade de sossego<br />
de um blackout da mente.Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-24046572939849110392012-12-11T21:07:00.001-08:002012-12-11T21:07:42.170-08:00<br />
A mesa de madeira recendia<br />
o cheiro de cerveja<br />
o farol dos carros<br />
enquadrava<br />
a grande angular daquelas<br />
teorias sobre o caos e a vida<br />
e sobre vermelho ser uma junção de todas as cores<br />
mas eu na verdade acho<br />
que seus olhos são<br />
uma junção de todas as coisas da vida.<br />
<br />
Você encara<br />
esses prédios todos<br />
de um jeito que faz com que eu me pergunte<br />
como é que a cidade não acaba se embolotando<br />
e ficando na contra-mão.<br />
<br />
Enquanto digo que o<br />
ideal seria a vida vadia<br />
assim todos os dias<br />
o teu olhar invade<br />
a Bela Cintra<br />
que mal percebes a calçada<br />
quando percebes<br />
meu exército de sentidos já se<br />
rendeu ao teu<br />
par de castanhas<br />
declarações de guerra<br />
<br />
E só essa avenida<br />
só essa avenida salpicada de luzes natalinas<br />
será capaz de resistir<br />
ilesa aos bombardeios<br />
que teus sorrisos<br />
despeja sob os<br />
céus da cidade.<br />
Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-85772798648182077462012-11-04T15:24:00.001-08:002012-11-04T15:24:06.085-08:00Ter memória é não ter paz.Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-62945654564827085512012-10-14T23:43:00.002-07:002012-10-14T23:45:06.758-07:00Aline Narcoléptica.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqFM35u_MhmYP_QI4wYUhqDb4mEcNmAXpIojD1krDpky3PdVO8UuDQEQxAuG0GPFW9-YAitgH8VmAQQ1f-5F6RXF8VAuTBrOK_qgo8UArr6z671zAgPcn7h3Qn6fgWBhE2Lxwf-2uNl7c/s1600/lithium_by_nachan-d2z7i3q.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqFM35u_MhmYP_QI4wYUhqDb4mEcNmAXpIojD1krDpky3PdVO8UuDQEQxAuG0GPFW9-YAitgH8VmAQQ1f-5F6RXF8VAuTBrOK_qgo8UArr6z671zAgPcn7h3Qn6fgWBhE2Lxwf-2uNl7c/s400/lithium_by_nachan-d2z7i3q.jpg" width="263" /></a></div>
A cidade escolheu justamente hoje para sucumbir ao calor, o dia amanheceu bom para velejar, viajar alguns quilômetros o centro do oceano ao lado de Aline parecia a ideia menos estúpida que tivera em dias. Procurou por entre os papeis na mesa algum que tinha rabiscado seu telefone, ligou assim que encontrou. Marcou com Aline que aceitou simpaticamente o convite. Uma hora mais tarde chegou vestindo uma saída de banho branca, tinha a pele muito clara e o nariz vermelho por conta da gripe, cabelos ruivos dourados e as unhas dos pés pintadas.<br />
Carlos tem o costume de levar alguns enlatados e pratos prontos quando sai para velejar, mas desta vez comprou peixe, vinho e algumas frutas.<br />
— Você costuma sempre velejar sozinho?<br />
— Sim...<br />
— Por que? Por que não chama algum amigo?<br />
— Porque eu prefiro assim, gosto de ouvir apenas o meu pensamento, trago cá o que gosto e não me causa desgastes mentais.<br />
— E você me trouxe para cá...<br />
— Sim.<br />
— Então gosta de mim?<br />
— Sim, Aline.- <i>Porra, o que ela precisa? Um sinal de neon que relampeja em sua fronte?</i><br />
Aline tem um dom excepcional para questionar o que é malditamente óbvio, algumas vezes.<br />
— De qualquer forma, me custa entender...<br />
— Acredito que sejam singularidades..<br />
— E nesse quesito parece que ambos estamos em extremos delas, você alguém de pouca sensibilidade e que quase nunca tem sua razão alterada e eu, provavelmente, tenho todas essas singularidades no sentido contrário.<br />
— Veja bem, você não alimenta esse meu gênio ruim, entretanto sinto que as vezes você o absorve, acaba levando para toda sua sensibilidade o meu comportamento ruim e talvez não saiba como lidar com isso da mesma maneira que eu....<br />
— Talvez Carlos, afinal todos nós temos pesos e medidas diferentes para ponderar aquilo que se vê de importante para a vida. A realidade é que comecei a ponderar que realmente isso não tenha mais saída, talvez você realmente nunca consiga ser alguém totalmente sociável, não consiga perder o hábito de me fechar em uma bolha em ambientes públicos.<br />
Não se lembrava que Aline podia falar tanto. Foi quando ela deixou de falar para regurgitar todo o fermentado que havia batido em seu estomago vazio viajando em uma enorme bacia que balança e sacode o tempo todo.<br />
Carlos assou o peixe que comprou previamente temperado e levou até a mesa perto do estofado onde Aline encontrava-se despertando.<br />
— Como se sente?<br />
— Melhor do que mereço — murmurou<br />
— Coma um pouco, é melhor...<br />
Enquanto fatiava e servia o peixe, Aline pegou a flor que decorava a mesa e colocou nos cabelos, atrás da orelha.<br />
Carlos não aguentou, foi impossível segurar o riso, quase gargalhou.<br />
Aline ruborizou, — Uma mulher não pode tentar ser graciosa?<br />
— Eu simplesmente te vi vomitando pelo chão, no mar e em si mesma. Não há nada mais deselegante em termos de educação feminina.<br />
Aline jurou quase silenciosamente nunca mais beber vinho e velejar de uma só vez.<br />
Carlos concordou de pronto: — Nunca, neste ou em qualquer universo... e sorriu. Em pensamento acrescentou que Aline deveria ser magnifica em qualquer condição.<br />
— Ah, bom... E o que você pensa quando está aqui?<br />
— Você voltou nisso...<br />
— Eu não entendo porque um ser humano gosta de ficar sozinho...<br />
— Isto é muito apavorante para por em palavras...<br />
— Apenas tente.<br />
Aline estava quase dormindo quando insistiu com voz rouca de sono e garganta inflamada. Como ela faz isto? Ela pode convencer qualquer um de qualquer coisa.<br />
— O mundo não aceita pesos como eu, defuntos galvanizados, esperando em terra pela sua segunda morte... sou um autêntico fodido mental, Aline.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Tentou resistir e falhou miseravelmente fechou os olhos, enquanto seu interior desenrolou e desligou-se do mundo exterior novamente. Ela estava linda como nunca, o tecido branco molhado, parcialmente cobertos com os cabelos longos e a pele pálida, levemente pigmentada. Perturbado concluiu, Aline era imaculada.Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-81824463338159838572012-07-13T10:50:00.001-07:002012-07-13T10:50:00.725-07:00<br />
Nem posso lembrar da última vez que choveu assim, com tanta fúria, com tanta ira.<br />
No flash dos relâmpagos vejo a imagem dele se fixar na superfície dessas paredes cobertas por azulejos espelhados.<br />
O som do trovão é o estrondo que ouço nas vezes que correndo, meto o pé nas poças d'água.<br />
À essa altura já não há nada seco em mim, e já não ligo pra isso.<br />
Meu bem, tristeza é não te ter aqui...Na chuva fria, na hora H.<br />Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-34718264008665430682012-06-26T16:29:00.002-07:002012-06-26T16:33:45.415-07:00A desgraçada suja e bêbada da Augusta (ou O texto Auto-Explicativo).<br />
<div class="MsoNormal">
Em São Paulo meu coração não é o mesmo em noites assim, há
muita felicidade forçada por aqui. Seguindo pela rua, nossos olhos vão ficando
turvos, diminuem de tamanho. </div>
<div class="MsoNormal">
Na calçada de uma loja de produtos eróticos havia um cara
sentado, encostado na vitrine, com um caderno em uma mão e caneta em outra
escrevia. Sem ler seus versos eu pude imaginar tudo que ele relatava naquele
pedaço de papel, então senti uma vontade imensurável de juntar-me a ele. Já que
escrever tem sido a única saída logo eu estaria expelindo versos com bafo de
vinho.</div>
<div class="MsoNormal">
Sorte em termos neblina às vezes, deixa o clima mais
cinematográfico, a garoa que apaga aos poucos o brilho da vista dos prédios e
do relógio grande lá em cima, em frente ao Safra. Isso tudo me transmite aquele
sentimento de boa vida momentâneo que a vista nos proporciona. A visão panorâmica
dessa superfície de concreto permite sentir as nuvens despencando nada densas e é preciso quase
fechar os olhos para focar objetos mesmo à distâncias curtas. Pra focar gente entupida
de tóxico e que precisa fazer dele um aliado para sobreviver, os caras perdidos
querendo se aproveitar de alguma forma, as putas pagas ou não, os mendigos, os
vendedores de cerveja a três reais. Deve ser a dor que torna essa cidade mais
elegante, e eu a devo amar por uma espécie de pena.</div>
<div class="MsoNormal">
Aqui não é permitido esquecer. Então mando mensagem de
madrugada cheia de cachaça na cabeça pra dizer que estou na zona sul e narrar
quaisquer outros fatos (deixando claro que tudo ali a faz lembrar dele)
torcendo pra que não fique puto e ache no mínimo engraçado. Ao menos fui
discreta, e não tentei ser a poética chapada, como faço nos outros dias numa
tentativa falha de impressionar. Seria interessante saber como se sente quando
alguém é capaz de lembrar-se dele enchendo a cara pelas sarjetas da Frei
Caneca. Nesse estado eu sou capaz de ouvir até Alcione. Vai ver não é paixão, é
vontade. Isso tudo não dará em nada, mas ao menos me rendeu bons escritos.</div>
<div class="MsoNormal">
Realmente não espero nada dele, nem que entenda, nem que mude,
nem que se preocupe, nada. Nada apenas. Pode morrer se quiser, porque essa
melancolia não tem nada a ver com ele. Talvez só comigo que a qualquer momento
poderia cessar o movimento, afinal, ninguém supõe, mas essa calma é imagem e
superfície.</div>
<div class="MsoNormal">
São Paulo, não me venha ferir com tua beleza, não venha
prometer qualquer sobriedade, encarar a realidade ainda é muito triste e não
sinto esse frio que ouço tanto falar por culpa (ou graças ao) alto teor de
álcool. Se não eu teria que buscar a religião ou a auto-ajuda ou o suicídio... O
dia ameaça amanhecer e o céu começa num tom acobreado da cor dos meus cabelos.
O caminho de volta a cidade é sempre o mesmo e o mesmo batom borrado cor de
caqui. E não há o que se preocupar. Eu juro. Não há. </div>Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-83354938642347959852012-06-25T22:02:00.001-07:002012-06-25T22:02:27.565-07:00Eu também gosto quando ele se cala e está como ausente, mas quando chama por meu nome, Pablo, Pablo, ele faz voltar a ter brilho esses olhos cá que passam noites a fio desejando-o.Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-71236506207042407262012-06-21T17:24:00.001-07:002012-06-21T17:24:36.020-07:00<br />
Seu fantasma que me persegue a semanas, esta a me perturbar o juízo<br />
esses dias ele voltou, sentou-se novamente no sofá<br />
tenho a impressão de que abriu um livro<br />
ele sempre esteve aqui ou eu que só o notei agora?<br />
eu reconheço no seu semblante que<br />
pertence a raça de homens que me arrancam as vísceras.<br />
<br />
Amaldiçoada te imagino<br />
(e não sei como sobrevivo)<br />
na solidão de um quarto<br />
revestido por banda larga<br />
é então que me lembro<br />
que és de carne e osso<br />
e isso é o que mais dói.<br />
<br />
Saber que perdeu-se a receita da tua infelicidade<br />
permita-me comparar-te à um começo de tarde chuvoso<br />
gosto de entardecer assim<br />
e de palavras pessimistas<br />
e filmes que me fazem chorar<br />
é que amo tudo que me deixe mais triste.<br />
<br />
Tenho a impressão<br />
nessas lacunas de imaginação<br />
que a chuva existe por sua causa.<br />Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-78013292939542380082012-06-21T17:00:00.001-07:002012-06-21T17:00:27.349-07:00<br />
<div class="MsoNormal">
Essas suas palavras </div>
<div class="MsoNormal">
doces ou não</div>
<div class="MsoNormal">
me aliciam<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
a invadir sua casa </div>
<div class="MsoNormal">
assim, num dia desses</div>
<div class="MsoNormal">
de sol</div>
<div class="MsoNormal">
e fazer uma carnificina<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
quebrar teus ossos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
martelar tua cabeça<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
rasgar tuas roupas e<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- o que seria um prazer e um fim digno de Petiot e Landru -<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
se eu pudesse atear fogo <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
queimaria seu corpo, seus escritos, seu animal de estimação.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Notaria então, que esta é a maior prova de paixão que
receberia.<o:p></o:p></div>Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-61292108095673308902012-06-21T12:14:00.000-07:002012-06-21T12:14:07.685-07:00<br />
<div class="MsoNormal">
Estanquei quando o conheci<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Elegi-o meu tesouro intocável</div>
<div class="MsoNormal">
O grande enredo é que</div>
<div class="MsoNormal">
Sem ele, sou como paraplégico disfuncional.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Foi ele que me mostrou que o amor<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
também habita, e sobretudo habita,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
nas coisas mais simples...</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nos dias que nos detalhávamos nossos segredos</div>
<div class="MsoNormal">
Nas noites em que caminhávamos como<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
dois bandidos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
como vagabundos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
vira-latas de rua no meio fio<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
duque e duquesa<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
embriagados de vinho (barato)</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Na noite geradora de tantas lembranças</div>
<div class="MsoNormal">
Tantos crimes acobertados </div>
<div class="MsoNormal">
onde tínhamos um estoque de risos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
e contos e lamentações<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
sobretudo os nossos planos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Os dias em que éramos cúmplices<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
de desgraça<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
de luxúria<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
de vida afinal.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Naquelas noites em que tudo resumia<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
em silencio e no silencio<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
encontrávamos uma<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
estranha forma de sermos felizes<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E como já foi dito<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
merecemos cremar no inferno<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
por nossa sinceridade<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
pelo crime de não haver nesse mundo<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
intimidade (que se compare)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Apenas nós<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
dançarinos embriagados</div>
<div class="MsoNormal">
de Dean Martin<span style="background-color: white;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
sei que um dia abandonaremos na calçada<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
as ultimas lembranças, dos ultimos bares<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
e sucos líbicos recurgitados<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas o nosso amor <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
esse jamais acabará.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Dance with me, make me sway...</i></div>Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-87627125625201307702012-06-17T21:35:00.000-07:002012-06-17T21:35:01.010-07:00Mas é isso então<br />
amor tem é cheiro<br />
de álcool<br />
lágrima<br />
sangue<br />
suor<br />
plástico<br />
e chorume<br />
o resto é só literatura.Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-29853776611928068332012-06-17T21:30:00.002-07:002012-06-17T21:30:45.184-07:00<br />
não farei o teu desejo<br />
lhe dando versos, joão<br />
pois não há como retratar o naufragio dos teus olhos<br />
em poesia<br />
<br />
veja bem<br />
eu não escrevo pra ser boa nisso<br />
e não sou<br />
essas palavras são todas manjadas<br />
mas seria você pretensioso<br />
ao desprezar meu clichê, joão<br />
<br />
desculpe<br />
mas agora vou exercer o direito que todo ser humano tem<br />
de me embebedar em algum boteco fedorento<br />
e chorar na calçada<br />
<br />
não que você já me tenha feito algo<br />
pelo contrário<br />
é que sentir algo por si só, joão<br />
já é desesperador.<br />Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-83915748477801296862012-06-13T22:52:00.002-07:002012-06-19T20:37:39.760-07:00<br />
<br />
20:54pm<br />
- Oi,posso entrar? Preciso muito falar com você...<br />
- Claro, mas estou com cheiro de álho e cândida, essa vida de dona de casa é triste. Pode esperar eu tomar um banho?<br />
- Tudo bem.<br />
Saí, apertando o cabelo molhado na toalha. Sentei-me no tapete apoiando as costas no sofá.<br />
- Bom, pode começar<br />
- Eu não sei por onde começar<br />
- Se trata da menina de cabelos longos?<br />
- É, ela me deixou. Sabe camila, é nessas horas que acredito em Deus, filho da puta! Ele é um filho da puta! -gritava- mesmo ela com aquele ar de vadia que exalava e o cigarro maldito que não largava, aquele cheiro aflorava meu ódio e mesmo assim ela me deixou. Nunca, ninguém vai gostar de mim...<br />
- Veja bem Diego, pra nossa sorte, vivemos num mundo onde tem gente que gosta de transar com animais, com mortos, tem gente que gosta de comer barat...<br />
- Ta bom camila, eu ja entendi.<br />
- Não, brincadeira...O que estou querendo dizer é que sempre existem outras pessoas<br />
- É o que dizem. você é feliz camila? Você esta sempre rodeada de pessoas, sempre saindo...Por que comigo as coisas não funcionam assim?<br />
Soltei uma risada irônica.<br />
- Sabe...Já dizia um bom amigo meu, ''na rotina dos bares que apesar dos pesares me trazem você''<br />
- Camila, é Vinicius de Moraes, não é amigo seu.<br />
- Por favor, não interrompa...De calçada em calçada as vezes me vem um certo semblante<br />
a pele clara, a barba preta e comprida, o corpo pálido, magro..jogado naquela cama, naquele quarto que nunca nem me viu, que abrigam os olhos de quem até hoje mal me notou. E as vezes eu até sento aquele semblante nesse sofá e ele fica aí olhando, não fala nada, só olha. Eu fico pela casa e deixo ele me observar que é pra ver se me nota e isso tudo sem que ele saia daquele quarto. É o ponto mais alto que a imaginação pode chegar. O segredo é não se desesperar. Ele ta lá. Eu to aqui. Pronto. Sou essa materialização do desastre. Ele um pouco pior que isso. Mas como você diz pra uma pessoa ''olha, eu to querendo te fazer feliz, posso tentar?'' Falando assim soa como ''me passe a manteiga''. Bom, pra mim expressar sentimentos sempre foi algo impossível, aí eu me conformei. E você na verdade não odeia o cigarro dela. Você odeia o fato de sentir falta do cigarro dela, de olhar pro cinzeiro na mesa e ver aquela bituca manchada de batom...E o gosto da sua saudade é aquele amargo que ficava o beijo dela...<br />
- É, é verdade...Mas e quando você sente falta de algo? Tem gosto do que?<br />
- Bom, aí depende, as vezes tem gosto de álcool, as vezes eu só pinto as unhas...Mas quase todas as vezes tem gosto de vinho sem marca. Ela fumava o que?<br />
- Sei lá, Marlboro eu acho<br />
- Humm, então é marlboro, a marca da sua saudade.<br />
<br />Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-51321970234005461802012-06-06T21:34:00.001-07:002012-06-06T21:34:44.662-07:00<br />
<div class="MsoNormal">
Em memória póstuma à três anos,</div>
<div class="MsoNormal">
eu não sei dizer se se comemora a desgraça</div>
<div class="MsoNormal">
Por ironia de qualquer merda que você tenha crença</div>
<div class="MsoNormal">
hoje é uma quarta feira, cinza, chuvosa e amaldiçoada</div>
<div class="MsoNormal">
E se você pensasse em aparecer com flores eu faria você
engoli-las </div>
<div class="MsoNormal">
Uma a uma, espinho por espinho</div>
<div class="MsoNormal">
Vou pegar minha estaca e me certificar pra que teu demônio não está embaixo da
cama</div>
<div class="MsoNormal">
Pois não me bastou ter te matado uma vez</div>
<div class="MsoNormal">
Tenho que matar-lhe todos os dias.</div>
<div class="MsoNormal">
E sem ter que pensar muito, ao invés de aceitar eu deveria
ter desejado que você cagasse cada uma das flores.</div>Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-52976215177000810462012-05-29T20:15:00.003-07:002012-05-29T20:15:30.757-07:00<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Samuel
estava sentado na cadeira em frente ao computador enquanto Caroline deitada na
cama mantinha os olhos fixos em seus olhos escuros hipnotizantes, devorando a sua
alma enquanto a observava sorrindo sutilmente. </span><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">-Por
que é tão quieto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Samuel
não respondeu, arrastou a cadeira até a beirada da cama, encostou seus dedos
nos dedos de Caroline, passava-os por toda sua palma. Ele bebia o seu sangue
antes mesmo de lhe tocar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Caroline
respirava cada vez mais forte, sentia medo da vontade que sentia, não de
Samuel, que por sua vez encostou os joelhos na cama e deitou sobre Caroline que
nem por um segundo pensou em evitar o que acontecia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Samuel
deixou de estar ao seu lado para estar em cima do corpo de Caroline, à segurava
pelos cabelos com tal força que alguns fios saiam em sua mão, deixando-a com as
costas fortemente curvadas e seu pescoço jogado para trás, ele sentiu vontade
de apertá-lo com força, mas sabia que não o faria. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Bebem-se
como se bebessem o sangue um do outro, se embriagam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Aquela
saliva queima sua língua, dança pela sua garganta e revira seu estômago e
anestesia a sua mente. Ela gritava seu nome em silêncio enquanto desejava as
dores mais excruciantes e infindáveis. Todos os pelos de seu corpo arrepiavam-se,
se contorcia. Era daquela selvageria que gostava. Sentia dor em cada músculo de
corpo. Samuel podia ouvir as batidas do coração dela, rápidas, se acalmando aos
poucos. Ele brinca com a morte e recita seus textos. Corta cabeças, gargantas, come
corações. Fez dela um próprio poema. Ele
sorria do fundo de sua alma vazia que não vê o porquê de existir em seu corpo
como um câncer que não regride. Sentia o ar preenchendo os pulmões
graciosamente, tal como o som dos ruídos de Caroline. Traiçoeiro em um ménage a
trois com a solidão.<o:p></o:p></span></div>Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-62968239476002162762012-04-29T23:11:00.000-07:002012-04-30T07:59:59.932-07:00<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">O dia já havia
começado à horas e Marina tinha acabado de acordar com aquele gosto estranho na
boca, lábios ressecados, e o corpo pedindo água, foi quando levantou-se e
caminhou até a cozinha onde encontrou Paulo tomando leite direto da caixa
com a porta da geladeira aberta, ela não liga, nunca ligou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Vai fazer algo
hoje à tarde?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Sim, vida.
Estou pensando em visitar minha mãe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Ah sim, é bom
que eu visite a minha também e sinto saudades da Luana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Eu entendo bem,
então vamos. E a noite?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Ah, ‘’sacomé’’
né?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Sei. Sei. (risos)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Marina tomou um
banho e passou por Paulo que se encontrava deitado com o notebook no colo, deu-lhe
um beijo na testa, avisou que já estava saindo e desceu. Caminhando em direção
ao metro notou que seria um daqueles dias que a noite é movimentada ali pela
zona sul. Paulo provavelmente esperou que a preguiça que tomava conta de seu
todo evaporasse junto com o álcool de horas atrás e foi visitar seus pais e
irmã. Ao chegar respondeu as mesmas perguntas de sempre sobre </span>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Marina</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';"> e seu emprego,
estavam bem e havia algumas propostas muito boas em vista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Á essa hora </span>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Marina</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';"> já estava abraçada com sua irmã no sofá tomando nota de mil novidades que sua mãe
contara, sobre sua tia Cecília e sua eterna infelicidade, sobre seus avós e os
vizinhos. Paulo foi embora após passar a tarde desenhando com Luana e longos
abraços com sua mãe. </span>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Marina</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';"> passou em seus avós e avisou sua mãe e voltaria no
meio da semana, talvez dormisse lá. Dois terços do dia já haviam passado e à
essa hora os dois já tinham seus convites e programações pro sábado a noite. </span>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Marina</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';"> iria encontrar-se com um cara que conheceu no final de semana anterior para
beber alguma coisa lá pelos bares de sempre mesmo. Paulo se encontraria com
alguém também que marcou por telefone a alguns dias. Acabaram não se encontrando
pelo apartamento. Nota-se que os dois tiveram preguiça de lavar a louça, mas
pelo menos não existia tanta roupa jogada pela casa. Paulo comia pizza e conversava sobre teatro e
cinema na casa de alguém na zona norte, ou centro, enfim. Enquanto </span>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Marina</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';"> reforçava
a maquiagem dos olhos e esperava os minutos passarem para descer. Às vezes os
dois gostavam de testar os limites ou fingir saúde, podiam apenas ficar na varanda
olhando as luzes amarelas lá de cima, a cidade acesa...Dependia do dia,
normalmente dependia da noite anterior. Nos dias úteis acaba sempre na mesma
rotina, saem e chegam quase no mesmo horário, </span>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Marina</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';"> gosta de cozinhar pros
dois, às vezes Paulo leva algo diferente para jantarem, tem dias que mal trocam
palavras, dias que saem juntos para caminhar pela Paulista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="background-color: white; color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI'; line-height: 17pt;">Marina</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';"> encontrou-se com o cara do final de semana passado, conversaram, tomaram
algumas coisas juntos, não se esforçaram muito para encontrar um lugar pra
sentar, ela não queria o levar pra casa, não que houvesse algo errado, ele só não
há surpreendia como todos os outros. Acontece
que ela vivia em constante paixão, sempre estava apaixonada por um, morria de
amores até dar alguma merda muito grande ou aparecer outro mais interessante. No
fundo ela sempre pensa ‘’dessa vez vai dar certo’’. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Paulo entediou-se
com a pizza, com a bebida e todo o resto até a hora de saciar seus desejos
carnais, seus sentimentos tinham um lugar já, não havia perigo de se apaixonar,
não havia chance. Já existe alguém. Paulo faz o que faz porque é jovem, ama e é
jovem, mas ama incondicionalmente. Terminou o que havia de ser feito e foi de
encontro a zona sul, de encontro a sua casa e toda a perdição da cidade. Conheciam muita gente por ali, estavam na
mesma avenida socializando com as mesmas pessoas de todos os sábados,
conhecendo algumas novas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Paulo foi até o
bar que costuma encontrar </span>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Marina</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">, passou por algumas pessoas, cumprimentou, olhou
por cima e avistou os cabelos ruivos levemente alaranjados de </span>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Marina</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';"> e seu rosto
fez uma expressão querendo dizer ‘’já estou aqui’’, </span>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Marina</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';"> olhou e continuou na
roda que estava com o copo não mão. Paulo se aproximou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- O que é isso? -
Pegou a bebida da mão de </span>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Marina</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';"> e deu um gole. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Ainda bem que
você chegou a tempo, estava prestes a fumar haxixe com dois angolanos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Nossa, </span><span style="background-color: white; color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI'; line-height: 17pt;">Marina</span><span style="background-color: white; color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI'; line-height: 17pt;">,
que fase. – E deu risada mesmo não gostando da ideia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Brincadeira,
como foi lá?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Normal, e aí? Cheio hoje, né?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- É, encontrei
bastante gente. Tem cinco reais?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Sempre guardo,
esperando você perguntar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Ótimo, também
tenho. Vamos lá. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">Afastaram-se do
aglomerado de pessoas conhecidas e seguiram subindo a avenida até o cara que
vende dois vinhos por dez reais, compraram, se sentaram na calçada, contaram alguns
detalhes sórdidos ou não da noite um para o outro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Acho que já
temos estabilidade para ter um cachorro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Dallas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Claro. Vamos subir ou continuar por aqui?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Ah, vamos beber
e ver no que dá, a noite está boa, vamos aproveitar, não é sempre assim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">- Certo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';">É provável que o
domingo seja regado a comida, filmes e varanda. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: 'Segoe UI';"><span style="line-height: 17pt;">E quase como um
ritual os dois continuam sentados assistindo todo tipo de gente passar,
estipulando os casais gays entre ‘’passivo’’ e ‘’ativo’’ e todas as outras
brincadeiras internas que não teriam graça se não fosse os dois. E a noite
começa ou acaba assim, o vento passa e eles o acompanham, nesses momentos é como
se tudo os </span><span style="line-height: 22px;">pertencesse</span><span style="line-height: 17pt;"> e não devessem nada à ninguém, nem explicação, nem hora,
nem vida. Até porque final ou começo de noite, eles tem somente um ao outro. E
isso é tudo que precisam ter. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 17.0pt;">
<br /></div>Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-12018888174712582932012-04-21T20:53:00.001-07:002012-04-21T20:53:56.933-07:00<br />
- Hoje pensei que meu peito não fosse suportar<br />
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- Ainda bem que pensei em guardar algum resto de bebida para beber depois<br />
<br />
- Você e esses hábitos podres<br />
<br />
- Você e sua podridão, sem esforço algum<br />
<br />
- Eu sabia que um pouco de nossa raiva seria póstuma.<br />
<br />
- Em prestações.<br />
<br />
- Não sei dizer se os sorrisos e olhares que trocamos foram ironicos o bastante...<br />
<br />
- Você vai envelhecer e se arrepender, você é covarde.<br />
<br />
- O fato é que nós nos esqueceremos por que ambos somos covardes.<br />
<br />
- Não, nós não vamos nos esquecer. Vamos desejar todos os dias nunca mais nos encontrar, vamos desejar a infelicidade do outro e o telefone tocar pra responder com sete pedras nas mãos.<br />
<br />
- Sabe, você gritava como quem arrancava um demônio.<br />
<br />
- Eu fechei meus punhos, eu bati, eu soquei, eu gritei. Lá de cima eu gritava, eu gritava toda a minha força pra fora...Já você, você não teve tempo de respirar...Ficou lá...<br />
<br />
- Eu vi, ta, ta, ta.<br />
<br />
- Eu aprendi a usar a vida à meu favor, você nem sabe que tem uma ainda...<br />
<br />
- Da pra parar de falar disso?<br />
<br />
- Dá. Eu tenho medo de te encontrar mas quando encontro, é simplesmente você com as mesmas camisetas, o mesmo jeito estranho e engraçado de andar.<br />
<br />
- Isso é...Tava me faltando essa dose de acaso, de você, pra encher essa solidão de sentido. Tua pele branca e teu cheiro doce assim, do teu jeito de não se preocupar.<br />
<br />
- Eu me preocupo.. mas poderia falar que amaria metade daquele lugar, o que seria irônico. Estava cheio e você era, era um buraco negro que me engolia todas as vezes que cruzava meu caminho.<br />
<br />
- Eu pensava que podia sobreviver a mim mesmo, mas era impossível. impossível sem você. Aí te engoli (risos).<br />
<br />
- Sabe, eu vi seus olhos brilhando quando olhou pra mim e cantou sorrindo...<br />
<br />
- Também não há como negar o brilho dos seus olhos...<br />
<br />
- Não houve naquele lugar, quem não tenha visto o teu sorriso.<br />
<br />
- Esquece isso, foi um passado bom.<br />
<br />
- Odeio quando você fala assim.<br />
<br />
- Mágoa, amor, ódio, raiva, paixão, devem ter dado os nomes errados para as coisas certas.<br />
<br />
- Só me restou ódio e a propósito... a idade está lhe caindo e os cabelos...<br />
<br />
- Vai se foder, desisti. E você não desiste de mudar esse seu cabelo não?<br />
<br />
- Não. mudo por fora, porque dentro não da pra tingir.<br />
<br />
- Você não muda<br />
<br />
- Olha quem fala<br />
<br />
- Deixa eu ir, até daqui três meses<br />
<br />
- Quando você diz isso te imagino contando os dias em um calendário<br />
<br />
- Mas sabemos que vamos nos ver em breve...<br />
<br />
- Talvez na semana que vem, talvez no ano que vem, talvez nunca mais.<br />
<br />
- Ou talvez em três meses.<br />
<br />
- Você não desiste dessa coisa dos ''três meses'' né?<br />
<br />
- Não.<br />
<br />
- Sabe, não dói mais.<br />
<br />
- Só não some a cicatriz.<br />
<br />
- É...<br />
<br />Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-3482782860043498952012-04-15T17:57:00.000-07:002012-04-15T17:57:42.076-07:00<div>
E cá estamos nós de novo, os três mosqueteiros não tão corajosos como os originais, de volta ao <span style="font-size: 100%;">ponto de partida. Crescidos, maduros, mudados. Mais fortes, mais frios, </span><span style="font-size: 100%;">definitivamente mais frios. </span><span style="font-size: 100%;">P</span><span style="font-size: 100%;">arece que conseguimos o que queríamos, cada um a sua particularidade. M</span><span style="font-size: 100%;">as estamos aqui de novo. Dessa vez sem lágrima, sem choro nem vela.</span></div>
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Estamos de volta a onde tudo começou...Mas dessa vez acho que pode ser a nossa vez.</div>
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<br /></div>Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-36717477824418033632012-02-08T15:02:00.000-08:002012-02-08T15:04:13.868-08:00<div>Garçom chega proximo à mesa ''falta alguma coisa senhora?'' </div><div>Sim, sempre falta algo. Falta uma tigela de gelo na minha bebida pra me salvar desse calor sub humano e algo pra preencher esse vazio. Falta também algum tipo de bom senso ou controle mental que não me permita mais borrifar aquele perfume pelo quarto pra sentir o cheiro dele. </div><div>Falta algo que me tire dessa condição medíocre que me meti. Falta um murro bem dado na minha cara que me arranque um dente ou dois. Falta tirar meu coração da garganta, o soluço e essa agonia que me escorre pelos olhos. Falta paz quando encosto a cabeça no travesseiro, falta vontade quando desencosto. O garçom olha com ar de interrogação e de quem espera atentamente por uma resposta. </div><div>Sim, mais um café gelado, por favor. </div>Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6367436365293513053.post-14204820767284795862012-02-03T21:22:00.000-08:002012-02-03T21:23:22.337-08:00<p class="MsoNormal">Peguei tudo o que tinha: Moedas, cigarros soltos, isqueiro velho, alguns objetivos odiosos e saí sem princípios com um dos vestidos de festa mais bonitos que encontrei, daqueles rodados e com babados, cor de palha meio rosado. Rosado como o tom natural de minhas bochechas que à esta altura encontravam-se vermelhas como pimenta por conta do porre de vinho e decepções que tomei mais cedo. Já passavam das 22:00 e enquanto caminhava pela av. Vergueiro às únicas companhias eram as putas do outro lado da rua. Procurei por algum bar com uma quantidade razoável de miseráveis para comprar café em copo descartável no caminho da praça japonesa. Sentei-me em um dos degraus mais baixos, próximo ao portão. Pelos fones, não tão altos quanto precisava, ouvia qualquer música triste o bastante que me fizesse derramar mais alguma porrada de lágrimas que escorriam pela maquiagem já borrada. Dentre tudo que acontecia naquela rua a única coisa que conseguia olhar era a sombra na calçada, os cabelos por pentear, as vísceras em jogo e o coração à beira de um precipício. Sem esmero, sem destino, sem naturalidade. Sem equilíbrio algum. </p>Camila Limahttp://www.blogger.com/profile/06818160075608497307noreply@blogger.com0