sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Era (mais) um domingo cinza, o céu escurecia aos poucos e logo nem se poderia notar as nuvens escuras que derramaram água durante todo o dia. Abrira a janela e não demorou pro vento tirar a cortina para dançar. Foi quando ela parou para escutar atenciosamente o som dos carros, dos latidos, todas as sonoridades abafadas. A valsa que vinha lá de fora se encaixava minuciosamente no que acontecia lá dentro, os dois se entrelaçavam virando um, a pele branca dele levemente marcada, barba e cabelos compridos como ela gosta, ar de sono e o conhecido cheiro de doce que carregava em sua pele. Ela, por sua vez, ainda mais branca, fechava os olhos claros, mel levemente esverdeado nessa estação do ano.
-Que foi?
-Nada não.
-Fala...
-É que sabe, quando era mais nova e minha mãe demorava pra chegar, eu dormia no quarto da minha avó, bem perto da rua. O seu quarto faz o mesmo som que aquele quarto fazia.
E então ela começou com aquela história de dez anos atrás.

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