sábado, 31 de dezembro de 2011

Sentados próximo à avenida você vem dizendo que eu não sei nada sobre você, com ar de quem sabe tudo sobre a vida. Do que você entende¿ Mesa de bar, cerveja, cigarro e guitarra¿ Querido, com 16 eu já fudia psicólogos. Madrugada, rock, rua e cocaína¿ Sobreviver sem tóxicos querido, não é pra amadores. Estressada, desesperada, sociopata, falida e indecisa. Encontrar equilíbrio no fundo de uma personalidade dessas não é pra fracos. Dormir, estudar, tocar e fugir. Nunca virei as costas pros meus problemas, à não ser ao dentista. Prazer, Camila odontofobica, não se preocupe eu vou às vezes à força, mas vou. Com 6 anos você fugiu de casa¿ Com 6 anos meus dentes de leite não caiam e uma louca, homicida de primeiro grau arrancava-os da minha boca com a anestesia que quase não pegava por conta do nervoso. Querido, encarar os problemas de frente não é pra fracos. Acho que eu não tenho mais nenhuma fobia... Ainda bem né¿ Até um tempo atrás eu tinha medo de cachoeira, pensava que no fundo era um buraco sem fim que me levaria pra um lugar repleto de cobras, mas me explicaram a porra toda dos lençóis freáticos e tal. Desculpe, voltando ao assunto inicial... Como é mesmo¿ O filho, o pai, e o espírito santo¿ Coragem mesmo é usar uma etiquetinha especial para ateus. Sobreviver com um rótulo é bem mais irritante do que você imagina. E ainda me perguntam o porque do café gelado.

No mercado da rua de cima comprando vodka barata e algo para encher o estômago, enquanto as conversas de paz, sonhos, promessas, pedidos e realizações me cercavam os ouvidos eu só pediria que tudo continue caminhando como está sem que eu fracasse e acabe fudendo a porra toda. Apenas que as coisas continuem seguindo seu curso natural sem que eu tenha alguma idéia estúpida e acabe metendo os pés pelas mãos.

-Que tipo de pessoa você é?

-Do tipo que se joga no cesto preto escrito ''não reciclável''.

A propósito, feliz ano novo.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A bengala encostada na cadeira que não balança e os óculos esquecidos à anos sobre o criado mudo do outro cômodo. Seus olhos grandes acinzentados nessa época da vida fitavam o rádio novo, robusto, substituindo o antigo toca fitas que repetia... ‘’Aaaah vida amarguraaada... ’’

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Toda noite, antes de dormir algo acorda aqui dentro
Grito em torno de eu mesma, então.


O céu tem permanecido cinza e a chuva tem se convidado sempre ao chá das cinco
Inunda a casa de vazio como um ritual de fim
os guarda-chuvas pretos se abrem
como uma dança
O décimo andar torna-se camarote para o velório musical
As gotas caem em abundância
Sobre o ombro dos guarda-chuvas
Escorrem as gostas uma à uma
Sobre a doce França.

Só mais um texto ruim, vomitado.

Pés esticados para alcançar a guia evitando se afogar na poça d’água imunda no espaço entre o ônibus e a calçada. Anda e se perde entre as várias opções de faróis ali no centro. Perdoa-se, disseram-lhe que até o vento às vezes erra a direção. Passa em frente aos bares que você costuma ficar e observa suas migalhas jogadas no chão, mais um gole de conhaque. Tua esmola que não vale a moeda que é. Tua esmola é centavo largado no balcão que alguém coroou rei. Praça. Banco. Crianças nos brinquedos de madeira descascada. Alternando as pernas chega o troglodita mais idiota que conhece carregando o sorriso mais doce que já se viu por essas ruas. Os olhos molhados, vívidos, ávidos, lhe acham, lhe engolem. As mãos fortes, grandes, se aproximam e arrepiam todos os pelos do corpo. Aqueles tênis brancos sujos de barro e você no lado oposto sempre um degrau abaixo nivelando a altura. Gostaria de saber o que carrega ai dentro. Quando ficar muito pesado coloque-o em minhas costas.


sábado, 10 de dezembro de 2011

-Eu sempre estou com algo que ele me deu...
-Na verdade eu acho que você sempre está com o amor... que ele te deu.