Desabafo II

mais precisamente o primeiro desabafo da semana, sábado.
ou, talvez o começo de muitos deles.

olhei o portão por uns minutos, mesmo sabendo que não ia voltar
dizendo que aquilo não era necessário.
existem mil coisas e mil músicas passando pela cabeça
o que atrapalha o desespero ca'dentro
poderia ficar horas sentada naquela praça, onde 'rei e rainha de promessas' nós fomos.
dolorido é pensar que isso não pode acabar
nós sabemos que não é.
nossas proprias coincidências nos disseram isso sempre
você sabe disso, sabe que perdeu as contas das vezes em que nos encontramos sem querer
e das vezes que o telefone tocou na hora certa.
minhas mãos tremem mais do que nunca, e talvez meu coração bata sempre
mas é quando penso em você, que me dou conta disso.
quando as palavras acabam o ficam presas na garganta, o silêncio mata por dentro
mas diz-se que morte antecipada não é bom.
não matarei nada aqui dentro, nem quando a certeza nos vier
e nem nunca.
aterrou a cabeça no tarvesseiro, e pediu com todas as forças.

me deu vontade de ouvir "Cuida de Mim - TM"
ouça-a também.

-Por que esperou?

Meus olhos vidrados pousaram no vidro da janela e tentei encontrar ali alguma resposta plausível.

-Veja bem, uma noite, ele apareceu de surpresa na porta da minha casa, com um abraço.
Abraço apertado, com saudade sabe? com todo carinho que cabe naquele coração enorme... Lembro que pude até ouvi-lo bater. E brinquei, que ele não batia fazendo tum tum, e sim ca-mi-la-ca-mi-la. Ele sorriu.

à quem doa sorrisos

Que os dias venham assim... cheios de conversas e notas
Cantemos assim todas as músicas

Há muito ainda a se ver e conseguir.
Andemos e descansemos quando os quilômetros fatigados pedirem trégua de nossos pés.

Não nos importemos com aqueles que desistiram de seus sonhos,
com aqueles que proclamam a existência da falsa "perda de tempo".
Tempo não se perde, afinal... como perder algo que não nos pertence?
Algo que não se guarda em caixas ou em gavetas?


Que seu sorriso seja uma infinitude

Cantemos assim todas as músicas...
pois assim, enfim vieram,
sorrisos infinitos
que trouxeram,
lindos dias.

Se sentia bem fazendo aquilo...

então achou seus desenhos todos riscados...
suas lembranças, seus sonhos e sentimentos, manchados a tinta.
e não quis mais saber de desenhar.

Ah, todos somos só crianças, não somos? Não podemos cuidar um do outro. Quem pode? Nós somos todos só crianças.