quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Garçom chega proximo à mesa ''falta alguma coisa senhora?''
Sim, sempre falta algo. Falta uma tigela de gelo na minha bebida pra me salvar desse calor sub humano e algo pra preencher esse vazio. Falta também algum tipo de bom senso ou controle mental que não me permita mais borrifar aquele perfume pelo quarto pra sentir o cheiro dele.
Falta algo que me tire dessa condição medíocre que me meti. Falta um murro bem dado na minha cara que me arranque um dente ou dois. Falta tirar meu coração da garganta, o soluço e essa agonia que me escorre pelos olhos. Falta paz quando encosto a cabeça no travesseiro, falta vontade quando desencosto. O garçom olha com ar de interrogação e de quem espera atentamente por uma resposta.
Sim, mais um café gelado, por favor.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Peguei tudo o que tinha: Moedas, cigarros soltos, isqueiro velho, alguns objetivos odiosos e saí sem princípios com um dos vestidos de festa mais bonitos que encontrei, daqueles rodados e com babados, cor de palha meio rosado. Rosado como o tom natural de minhas bochechas que à esta altura encontravam-se vermelhas como pimenta por conta do porre de vinho e decepções que tomei mais cedo. Já passavam das 22:00 e enquanto caminhava pela av. Vergueiro às únicas companhias eram as putas do outro lado da rua. Procurei por algum bar com uma quantidade razoável de miseráveis para comprar café em copo descartável no caminho da praça japonesa. Sentei-me em um dos degraus mais baixos, próximo ao portão. Pelos fones, não tão altos quanto precisava, ouvia qualquer música triste o bastante que me fizesse derramar mais alguma porrada de lágrimas que escorriam pela maquiagem já borrada. Dentre tudo que acontecia naquela rua a única coisa que conseguia olhar era a sombra na calçada, os cabelos por pentear, as vísceras em jogo e o coração à beira de um precipício. Sem esmero, sem destino, sem naturalidade. Sem equilíbrio algum.