terça-feira, 29 de maio de 2012


Samuel estava sentado na cadeira em frente ao computador enquanto Caroline deitada na cama mantinha os olhos fixos em seus olhos escuros hipnotizantes, devorando a sua alma enquanto a observava sorrindo sutilmente.
-Por que é tão quieto?
Samuel não respondeu, arrastou a cadeira até a beirada da cama, encostou seus dedos nos dedos de Caroline, passava-os por toda sua palma. Ele bebia o seu sangue antes mesmo de lhe tocar.
Caroline respirava cada vez mais forte, sentia medo da vontade que sentia, não de Samuel, que por sua vez encostou os joelhos na cama e deitou sobre Caroline que nem por um segundo pensou em evitar o que acontecia.
Samuel deixou de estar ao seu lado para estar em cima do corpo de Caroline, à segurava pelos cabelos com tal força que alguns fios saiam em sua mão, deixando-a com as costas fortemente curvadas e seu pescoço jogado para trás, ele sentiu vontade de apertá-lo com força, mas sabia que não o faria.
Bebem-se como se bebessem o sangue um do outro, se embriagam.
Aquela saliva queima sua língua, dança pela sua garganta e revira seu estômago e anestesia a sua mente. Ela gritava seu nome em silêncio enquanto desejava as dores mais excruciantes e infindáveis. Todos os pelos de seu corpo arrepiavam-se, se contorcia. Era daquela selvageria que gostava. Sentia dor em cada músculo de corpo. Samuel podia ouvir as batidas do coração dela, rápidas, se acalmando aos poucos. Ele brinca com a morte e recita seus textos. Corta cabeças, gargantas, come corações.  Fez dela um próprio poema. Ele sorria do fundo de sua alma vazia que não vê o porquê de existir em seu corpo como um câncer que não regride. Sentia o ar preenchendo os pulmões graciosamente, tal como o som dos ruídos de Caroline. Traiçoeiro em um ménage a trois com a solidão.

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